Naquele dia
Havia dentro das palavras
multidões a correr em cada imagem
praças cheias de versos e versos cheios de
gente. Havia uma rua pela página acima
e folhas e folhas pela rua. Havia o teu rosto
na cidade. Ou talvez a cidade no teu rosto.
Havia naquele dia o que
se via e não se via. E só se ouvia
o que não se
ouvia.
Era uma surda obsessiva
litania. Ou talvez
poesia.
Manuel Alegre
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