quinta-feira, 10 de maio de 2012

1495 - ufff...

Estes primeiros dias de maio têm sido de loucos: é a tese que há mesmo que terminar, há o curso europeu que estou a organizar aqui em Portugal ... Juntou-se tudo...

Por vezes, nem sei como não fica nada para trás!

Tem dias que acho que o estado me devia pagar a peso de ouro! Os professores estrangeiros ficam muito bem impressionados com as nossas escolas e o nosso país! Ufff... ainda bem que assim é, porque é verdade! a gente até trabalha muito bem! Há é certas formas de fazer política às quais dá jeito arranjar bodes expiatórios e, nesses casos, são os professores e a função pública que levam com as culpas.

Gostei de os ter levado a uma casa de fados

Hoje, uma visita de fim de dia a Lisboa com eles... Gostei de me imaginar um deles e segui no eléctrico 28. Nunca me cansam as cores de Lisboa
Mais tarde, já sozinho, entro na Bertrand e deparo-me com isto: (fez todo o sentido hoje, ah, pois é, tanta coisa para fazer! a tese, tudo o resto! ah se a minha orientadora soubesse!!!)


    Adiamento
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...
Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...
O porvir...
Sim, o porvir...

    Álvaro de Campos

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