quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

1244 - Jó, Romance de um Homem simples



Este foi mesmo o que se chama de amor à primeira vista. Li a crítica no "Expresso" de 18 de Dezembro, anotei na minha lista de compras, nas trocas de Natal fui a correr comprá-lo e li-o em dois dias...

A história é a conhecida da Bíblia...

"Numa cidadezinha russa do início do século XX vivia um judeu muito simples e religioso. Seu nome era Mendel Singer. Homem comum, modesto e temente a Deus, Mendel exercia o ofício de professor, transmitindo os ensinamentos da Bíblia às crianças. Com a mulher, Débora, teve três filhos: Jonas, Schemariah e Miriam. Mas o nascimento do quarto filho dá início a uma série de tormentos: Menuhim é uma criança doente, vitimada pela fraqueza, pela deformidade física e pela epilepsia.

A eclosão da guerra traz novos infortúnios à família Singer. Entre alistamento e deserção, os dois filhos saudáveis de Mendel e Débora tomarão decisões opostas: uma conduzirá aos campos de batalha; a outra, à emigração para a América. Auxiliado pelo filho no estrangeiro e atormentado pelos namoros constantes da filha com os cossacos, também Mendel tomará a decisão de partir. Ao fazê-lo, porém, terá de deixar para trás o filho doente.
"

Se o leitor já está à espera de uma romance sobre o sofrimento do justo, bem depressa se enamora do relato e se centra na questão central que está muito bem contada: "por que sofre o homem justo?"
É um tema clássico, Saramago também pega muito bem nele em alguns dos seus romances: O evangelho de Jesus Cristo, Caim, O memorial do convento...

Neste romance o drama vai crescendo e chega a ser empolgante a cena da luta entre o bom Mendel e Deus.

«Então diz-nos o que queres queimar!» «Quero queimar Deus.» Os quatro ouvintes soltaram um grito simultâneo. [...] E quando Mendel blasfemou contra Deus, sentiram-se como se ele tivesse arranhado com os dedos cortantes os seus corações despidos.
«Não blasfemes, Mendel», disse Skowronnek após um longo silêncio. «Sabes melhor do que eu, pois estudaste muito mais, que os golpes de Deus têm um sentido oculto. Nós não sabemos porque somos castigados.» «Mas eu sei, Skowronnek», respondeu Mendel. «Deus é cruel e quanto mais lhe obedecemos, mais severo é connosco.
É mais poderoso do que os poderosos, a quem pode aniquilar com a unha do seu dedo mindinho, mas não o faz. Os fracos é que ele gosta de destruir. A fraqueza de um homem desafia a sua força e a obediência desperta a sua ira. É um grande e cruel ispravnik. Se cumpres a lei, ele diz-te que só a cumpriste em proveito próprio. Se infringes um mandamento que seja, ele persegue-te com cem castigos. Se o queres corromper, põe-te um processo. E se te comportas honestamente com ele, ele fica a aguardar o suborno. Em toda a Rússia não existe pior ispravnik! »

É um grande romance sobre o mistério da vida e da morte

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