quarta-feira, 23 de junho de 2010

1135 - Final de ano lectivo

















Todos os anos é a mesma coisa, embora ache que este ano é pior.

Mal terminam as aulas surgem uma avalanche de tarefas para realizar que até assusta só de pensar (e serão todas necessárias meu Deus?)

- Relatórios,
- Reuniões de Conselhos de Turma,
- Conselhos pedagógicos,
- Formação,
- Reuniões,
- Papéis
- Prazos
- ...

Confesso andar sem tempo para nada, nem para pensar um pouco. Cada dia é apenas um pensar nas tarefas do dia seguinte e na necessidade de as cumprir e não falhar nenhuma importante
Escrevo num papelucho algumas das urgentes para não me esquecer. Risco uma e logo surgem mais duas...

Poesia?
Escrita?
Leituras?
Jardim?

Só aos domingos e é para não ficar com má consciência de não ligar nenhuma aos que me são próximos

Bom, quem me lesse parecia que até aqui nada era feito... Não é bem assim, o que releva aqui é que havia horários pré-estabelecidos e sabia com o que contar para a semana. Por estes dias há dead-lines e a obrigação de não falhar

E o sentido das coisas? esse é, decerto o de não terem sentido que também é um sentido. Que mania!

Bolas que até me esqueci do verão. Parece que nem para o visível há tempo


Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.

Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

Alberto Caeiro

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