domingo, 6 de setembro de 2009

891 - Leituras de férias III

























Tinha relatado no post 873 - Leituras de férias as leituras que pretendia fazer...



Sem ordem de espécie alguma

- Mia Couto; Terra Sonâmbula;
- Jean Samuel; Chamava-lhe Pikolo (o testemuno de um dos companheiros de primo Levi - O tal de "Se isto é um homem");
- Virgílio; Eneida;
- Cervantes; Don Quijote de la Mancha (versão em Castelhano comprada na saída a Salamanca de Junho)
- Fernão Lopes; Crónicas;
-Kafka; O processo;
- José Saramago; O ano da morte de Ricardo Reis;
- João dos Santos; Eu agora quero ir-me embora (releitura)
- Carlos Ruiz Zafón; El juego del Ángel;
- Ondjaki; os da minha Rua (sugestão da Jacky);
- Étienne Gilson; A Filosofia na idade média;
- Roberto Musil; O homem sem qualidades I e II (oferta de Aniversário)
- Juan José Millás; Los objectos nos llaman (Oferta de aniversário)
- Pierro Bayard; Como falar dos livros que não lemos? (sugestão da Jacky);
- José Rodrigues dos Santos; A vida num sopro;
- Henri Tincq; Os génios do Cristianismo;
- José Saramago; a viagem do elefante;
- Carlos Amaral Dias e João Sousa Monteiro; Eu agora já posso imaginar que faço (releitura);
- Núria Barba e Xavier Salomó; Marco Polo (Juvenil);
- José Rodrigues dos Santos; Sétimo selo;
- Paul Ricoeur; O si-mesmo como um outro;
- A idade média (juvenil)

Sim... Fui muito ambicioso...

Destes todos só li 4 ou 5 sobretudo porque escolhi os mais "grossos" deixando os de leitura mais fácil para o tempo de trabalho e ainda acabei por comprar e ler mais 2 por serem citados nas obras que li.
- Primo Levi - Os que sucumbem e os que se salvam da Teorema
- Hélène Berr- Diário- D. Quixote

Interessa-me deixar para memória futura uma ou duas reflexões:

a) Li "O Homem sem Qualidades" de Musil. Gostei sobretudo de entender melhor a lógica do pensamento do povo alemão e austríaco que acabou por levar à barbárie do genocídio do povo Judeu. Obviamente que entender, não me leva a concordar com, mas como vivemos aqui num cantinho da Europa com décadas e décadas de atraso e com grande percentagem de analfabetismo nem se chegava a perceber as correntes filosóficas que circulavam na Alemanha nos Séculos XVIII, XIX e XX e que deram origem aos Idealismos, Marxismos e à aberração do Hitler!

Fico sempre surpreendido ao ler relatos de sobreviventes dos campos de concentração da 2ª guerra mundial. Não é que tenha um prazer sádico ao ler esses relatos. O que me impressiona é pensar:
- como foi possível chegar a tal desatino?
- como foi possível tal barbárie?
- como foi possível que a maioria da população nem desse por nada?
- Como foi possível que gente pensasse que as deportações só aconteciam aos "maus"?(faz-me lembrar igual lógica feita passar pela PIDE e Antigo regime sobre quem se opunha)
- como foi possível que a vida humana não valesse nada? Olhar "olhos nos olhos" e...
- com é possível que haja quem negue estes horrores? de facto a "coisa" foi tão bem feita que há hoje em dia quem ainda não acredite! o que teria que ter acontecido mais?
- como foi possível que gente não tenha fugido pensando que´só acontecia aos "outros" e era mau demais para ser verdade?

Tudo isto a propósito da leitura de
- Jean Samuel; Chamava-lhe Pikolo (o testemunho de um dos companheiros de primo Levi - O tal de "Se isto é um homem");

Cujas citações me levaram à leitura de:
- Primo Levi - Os que sucumbem e os que se salvam da Teorema
- Hélène Berr- Diário- D. Quixote

O díario de Hélène Berr é o diário de uma Jovem Judia em paris sob a ocupação Nazi cuja família decidiu ir ficando...

Impressionante! como é que tudo isto se foi repetindo? Impressionante saber o que vale a vida humana em situação de guerra! Impressionante!

Quantos sonhos desfeitos? Quantos mais teriam de morrer para que o nosso vizinho do lado acreditasse na barbárie sem lógica nenhuma!

Voltando ao princípio do raciocínio. Estas coisas não surgem do nada. Há uma mentalidade que se vai criando... depois um calar e um deixa andar... Pensar que Hitler foi eleito...

b) As conversas em família sobre as minhas leituras (também motivo para não ter conseguido ler mais)
Qualquer título de livro era motivo de "chacota" e ocasião para grandes conversas.
Confesso que de início me chateava com o assunto. Depois fui percebendo, mais uma vez mais, que estas "chacotas" eram apenas a forma manifesta de interesse pelas minhas leituras e fica a esperança que os meus filhotes se vejam a tornar leitores...
Ele foi "O homem sem qualidades" - Que lhes fui dizendo que era a minha biografia
Ele foi "os da minha rua" em que uns dos capítulos foi lido por eles numa esplanada com sotaque Angolano e cuja leitura prendeu a atenção de todos na mesa
Ele foi o livro do João Garcia "mais além do Evareste" que foi lido num fôlego numa manhã de praia e também deu que falar...

Enfim... Não é isto a leitura? a ocasião para levar a novos mundos e de diálogo com outros leitores?

O Zé já compra livros maiorzinhos - Agora anda na trilogia do Eclipse e dos ET... Menos mal pois também já devorou os Harry Poters

...

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